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Inovação na Construção Civil de Goiás: Panorama do ecossistema local
Quando se fala em inovação na construção civil é muito comum que venham em mente nomes de grandes centros urbanos, como São Paulo e outras capitais com um forte polo tecnológico, não é mesmo?
No entanto, é preciso olhar também para cidades fora desse eixo. Afinal de contas, o setor da construção, famoso por ser tradicional, tem sede de inovação. Os profissionais da área já perceberam isso e existem algumas figuras importantes fazendo a diferença pelo país.
Neste post, você vai conhecer como anda a inovação na construção civil de Goiás. Localizado no centro-oeste do Brasil, o estado é ponto estratégico para o setor, mas ainda está engatinhando quando se trata de tecnologia na construção.
Construção civil foi o setor que mais empregou em Goiás, em 2017
Pode parecer um paradoxo, mas enquanto a inovação no setor engatinha, a construção civil saiu na frente e foi o que mais empregou entre janeiro e setembro de 2017, em Goiás. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mais de mil novas vagas de trabalho foram criadas durante os primeiros nove meses do ano passado.
Para 2018, a expectativa é semelhante. Junto de outras áreas como finanças, gestão e TI, a construção segue como um dos mais promissores em número de vagas no estado.
Goiânia lidera a recuperação do mercado imobiliário
Outro ponto positivo é que Goiânia está entre as capitais que lideram a recuperação do mercado imobiliário, conforme divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Na cidade, foram vendidos 5.170 novos imóveis em 2017, uma alta de 23% em relação ao ano anterior. Segundo dados da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), as vendas aumentaram 127%, movimentando R$ 2,5 bilhões.
Em 2018, o ritmo continua acelerado. A Ademi-GO espera que o número de lançamentos de novos empreendimentos cresça mais de 106%. Cerca de 33 lançamentos devem ser realizados em 2018 nos arredores da capital goiana, contra os 16 que foram lançados em 2017.
O outro lado da moeda
Os dados promissores que você acabou de ver em nada combinam com o investimento em inovação na construção civil de Goiás. Segundo o engenheiro civil Romeu Neiva Neto, membro do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Goiás (Sinduscon-GO), um dos estados mais importantes para a região centro-oeste do país fica bem atrás no uso de tecnologia no setor.
Questionado sobre o número de construtechs (startups da construção civil) fundadas no estado, Romeu não soube responder. Ele conhece apenas a sua própria.
A Maleta do Engenheiro, onde é CEO, nasceu em 2015 com o objetivo de ser uma plataforma de gerenciamento de documentos. “A Maleta do Engenheiro se diferencia das demais plataformas do mercado brasileiro por ser a primeira focada em processos BIM de projeto”, destaca.
De acordo com o engenheiro civil, a ideia surgiu depois que ele começou a trabalhar na construtora de sua família. Ele sentiu na pele a dificuldade de atuar com gerenciamento de projetos de maneira centralizada e local. “A comunicação era bem difícil. Depois que implantei o armazenamento em nuvem, o gerenciamento ficou descentralizado, o que ajudou muito no dia a dia”.
Ações inovadoras como essa, por exemplo, são raras na região, de acordo com Romeu. “A Innovar Construtora, empresa da minha família, foi a pioneira no uso da tecnologia BIM em 2013, em Goiás. A partir daí que surgiu a ideia de criar uma startup”.
Segundo o Mapa de Construtechs do Brasil, em 2017 existiam apenas duas startups do setor nascidas em Goiás: a Seu Condomínio e a Bolsa da Permuta, além da Maleta do Engenheiro. Realidade bem diferente de estados como Santa Catarina, onde em 2017 já existiam 53 construtechs propondo ideias inovadoras e tecnológicas para a construção civil.
Quem faz a diferença na inovação na construção civil de Goiás
Ainda que propostas de inovação na construção civil de Goiás sejam tímidas, há grupos preocupados em fazer a diferença.
Um deles é o Sinduscon Jovem, que começou seus trabalhos em 2014. A maior parte dos membros da equipe era formada por estudantes de engenharia e filhos de empresários do setor da indústria da construção, como o Romeu, que também faz parte do grupo.
Desde o início, o objetivo era envolver os jovens com as demandas do setor para aprimorar seus sucessores e fortalecer o Sinduscon-GO.
Entre os projetos desenvolvidos pela equipe está a promoção de ações sociais junto ao Núcleo de Proteção aos Queimados (NPQ), disseminação da tecnologia BIM e Lean Construction.
O Sinduscon Jovem já ofereceu treinamentos para disseminação do BIM para diferentes construtoras da região. Além disso, possui parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) para oferecer oficinas dentro dos laboratórios da instituição.
“Atualmente, o Sinduscon-GO e o Sinduscon Jovem trabalham em conjunto para trazer um hub de inovação para construtechs para dentro do Sindicato. A sede do Sinduscon seria como um catalisador de ideias e também funcionaria como um espaço de coworking”, destaca Romeu.
O propósito deles é alavancar o mercado para construir novas soluções e resolver os problemas locais referentes à construção civil.
Dores e desafios no investimento de tecnologia
Mesmo que o termo “inovação” seja bem visto aos olhos dos profissionais da construção, muitos têm receio em adotar efetivamente medidas inovadoras.
Um bom exemplo disso é o uso da tecnologia BIM. Apesar de ser uma ferramenta cada vez mais importante para o setor, a maioria dos engenheiros e projetistas ainda não trabalha com essa tecnologia no seu cotidiano. Para Romeu, a principal dor que ele enxerga dentro das construtoras é a dificuldade de implantação do BIM. “Falta vontade por parte dos profissionais, ninguém toma partido para dar o primeiro passo”, afirma.
Na visão do engenheiro, existe muita apreensão quando se pensa em colocar inovação em prática. Na opinião dele, investir em tecnologia não é algo tão concreto para as construtoras. “Elas não conseguem enxergar o retorno que isso pode gerar”.
Romeu declara: “querem tecnologia, mas não querem colocar dinheiro para isso. É preciso quebrar os paradigmas e entender que investir em tecnologia é, na verdade, um bem necessário”.
Construtalk Goiânia
Para ajudar a desenvolver o mercado local, o Construtalk, série de eventos itinerantes sobre inovação e tecnologia na construção civil, chega a Goiânia no dia 12 de junho de 2018.
• O principal evento do centro-oeste sobre inovação na indústria da construção terá entre os palestrantes:
• Head de Inovação Corporativa da Duratex, Bruno Antonaccio;
• Head of Business Development do QuintoAndar, Felipe Schucman;
• Gerente de Produto da Alphaville Urbanismo, Hugo Serra;
• CEO do Construtech Ventures, Bruno Loreto;
• Diretor Executivo do Gyntec, Marcos Campos;
• E também o CEO da Maleta do Engenheiro, Romeu Neiva Neto, que você teve a oportunidade de conhecer neste post.
Além desses profissionais, o evento reunirá outros palestrantes altamente capacitados e envolvidos na transformação da indústria da construção.
Conheça todos os convidados e confira a agenda completa aqui!
Na ocasião, os participantes também terão a chance de interagir com construtechs do setor, que apresentarão um pitch cada uma no dia do evento.
Gyntec
O Construtalk Goiânia será realizado no Gyntec (Instituto de Inovação e Parque Tecnológico). O objetivo do espaço é acelerar o desenvolvimento do ecossistema de startups por meio da inovação disruptiva. Para isso, fomenta o investimento privado em inovação através de Fundos de Investimento Anjo.
O Instituto Gyntec atua com startups em fase de pós-incubação e pré-aceleração, contribuindo com o desenvolvimento da prototipagem e a devida validação pelo mercado. Também acompanha o desenvolvimento de novos modelos de negócios por meio de spinoffs e criação de novas startups formadas por membros internos da empresa tradicional.
“Estamos muito motivados em receber o Construtalk em Goiânia e estimular a inovação na construção civil”, garante Marcos Campos, diretor executivo do Gyntec.
Desafio Construtech
Em parceria com o Sinduscon-GO e apoio do SENAI e SEBRAE, o Gyntec vai divulgar no dia do Construtalk Goiânia o primeiro Desafio Construtech.
O desafio surgiu da necessidade de atender a demanda por inovação de empresas da construção civil por meio das startups. “Vamos nos reunir com os parceiros locais para definir o modelo. Provavelmente serão duas empresas, uma de estrutura metálica e outra de refrigeração predial. Elas vão lançar os problemas a serem resolvidos”, conta o diretor do Gyntec.
A startup que se sair melhor no Desafio Construtech receberá investimento. O primeiro desafio acontecerá no final de agosto de 2018.
Se você ficou interessado em conhecer o Construtalk Goiânia, garanta o seu ingresso agora mesmo. No evento, você também terá a oportunidade de conhecer cases reais de inovação, entender mais sobre o ecossistema local, além de fazer muito networking!